O Dia Mundial do Implante Coclear, comemorado em 25 de fevereiro, foi lembrado no hospital universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), com a campanha de triagem de pacientes para a cirurgia do implante. Moradores de Belém e de outros municípios do Pará compareceram ao HUBFS para fazer parte da programação, que ocorreu das 8h às 16h desta segunda-feira, 25. O HUBFS, por ser 100% Sistema Único de Saúde (SUS), é o único na Região Norte a fazer o procedimento gratuitamente.
O menino Deyvid Warley, de 11 anos, foi um dos pacientes atendidos pela campanha. Ele veio com a mãe, Eliete dos Santos, do município de Castanhal, para fazer a triagem. “Quando ele tinha oito meses de idade, minha irmã observou que ele parecia não escutar muito bem. Ele usou aparelho e não se adaptou”, disse a mãe do garoto, que ficou sabendo da campanha, via redes sociais, e resolveu levar o menino para fazer parte da triagem. “Eu ficaria muito feliz se ele pudesse escutar, pois ele, às vezes, fica muito irritado por não entender as coisas. Se conseguisse o implante, seria uma maravilha”, finaliza a mãe.
“O implante coclear, também conhecido como ‘ouvido biônico’, é um procedimento realizado em pacientes com surdez severa ou profunda, que, por meio de cirurgia, implanta um feixe de elétrons que se liga ao ouvido interno do paciente e se conecta a um aparelho externo semelhante ao auditivo convencional”, explicou o otorrinolaringologista Diego Farias, Coordenador da campanha. Para ele, ainda há um desconhecimento da população sobre a cirurgia e, por esse motivo, a campanha visa esclarecer e selecionar candidatos à cirurgia, para que casos de surdez sejam revertidos.
Critérios – Para fazer o implante, o paciente passa por vários procedimentos, que são os de anamnese, testes físicos, audiométricos e psicológicos, para que se possa entender o grau de surdez da pessoa e saber se poderá ser beneficiada. “Além do grau de surdez (severa a profunda), deve-se ter comprovação de que haverá maior benefício com o implante coclear do que com aparelho auditivo. É importante também a avaliação psicológica, para que o paciente entenda o que é a surdez e o que é o implante. Todo esse procedimento tem a duração variável, de acordo com o paciente”, informou Diego Farias.
A cirurgia de implante coclear tem a duração entre duas e quatro horas e é feita com anestesia geral. O paciente não sai da sala de cirurgia ouvindo, porque, segundo o otorrinolaringologista, o aparelho terá que se adaptar ao organismo da pessoa e, para isso, é necessário que ele realize acompanhamento com profissional da Fonoaudiologia. Para a fonoaudióloga Izi Pardal, representante da empresa parceira da campanha de triagem, “a fonoterapia é a parte mais longa do tratamento, pois o paciente não pode apenas ‘ouvir por ouvir’, é preciso dar significado ao que ele ouve”. O HUBFS oferece o serviço antes e depois da cirurgia do implante coclear.
O implante coclear começou a ser feito no Bettina em 2010 e a campanha de triagem ocorre desde 2015. “Na campanha de 2015, atendemos 500 pessoas, mas menos de 10% disso foi revertido para cirurgia. Por isso, a cada ano, procuramos informar melhor os pacientes para que possamos fazer uma seleção mais minuciosa e ter mais possíveis candidatos ao implante”, comentou a fonoaudióloga. O HUBFS possui cadastro aberto para o procedimento durante o ano inteiro.
Sobre a Ebserh – Desde outubro de 2015, o Hospital Bettina Ferro de Souza, vinculado ao Complexo Hospitalar da UFPA, é filiado à Rede Ebserh. Estatal vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) administra atualmente 40 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
A empresa, criada em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no País, incluindo as não filiadas à Ebserh
Texto e fotos: Paola Caracciolo e Edna Nunes – Ascom do Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh.