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Biblioteca Central promove live com orientações para a produção de artigos científicos

A Biblioteca Central da UFPA irá realizar mais uma live nesta quinta feira, 18, desta vez a temática será “Como produzir artigos científicos: aspectos, qualidade e cuidados na escrita”. Para esclarecer dúvidas sobre o assunto, a palestrante convidada será a técnica Rosemarie Costa, mestre em Ciência da Informação e bibliotecária da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA). Com início às 15h30, a live será realizada na Página da BC e contará com a presença de intérpretes de Libras.
Pensar em produzir um artigo científico é sempre assustador, afinal a sua elaboração é uma preocupação recorrente na comunidade acadêmica desde o início do processo de graduação. As dúvidas são grandes, principalmente para os discentes que querem adiantar o processo de escrita. Por isso a BC objetiva atender a essa demanda e ajudar na capacitação dos alunos para a escrita de artigos, bem como busca contribuir para que possam produzir trabalhos com qualidade.
“Qualquer pessoa pode escrever um artigo de qualidade, desde que tenha uma boa pesquisa e resultados relevantes para contribuir com o desenvolvimento da área de pesquisa e o bem da sociedade”, afirma Rosemarie Costa.
De acordo com a bibliotecária, produzir artigos científicos é um trabalho que exige precisão e domínio sobre o assunto que foi pesquisado, mas exige também outros elementos formais e de qualidade necessários para cumprir o objetivo de comunicar à sociedade sobre os resultados das pesquisas. Por este motivo, é importante que todos tenham conhecimento das técnicas e regras que devem ser seguidas.
“A abordagem inicial não pode fugir dos aspectos conceituais e estruturais de um artigo científico, apesar de que muitos livros de metodologia apresentam e detalham esses componentes. Na apresentação, pretendo dar ênfase ao desenvolvimento e à organização do texto, chamando atenção para os aspectos de coesão e coerência textuais, entre outros fatores de qualidade do texto”, esclarece.
Lives BC – Para a palestrante, as ações de capacitação da Biblioteca Central contribuem para a missão da UFPA, que é formar cidadãos capazes de promover o desenvolvimento da sociedade, especificamente voltados para os interesses da região amazônica. Os treinamentos, realizados por meio de lives, têm conseguido suprir a necessidade de manter o aprendizado de forma contínua, disponibilizando aos discentes uma forma de continuarem se qualificando para trabalhar em suas respectivas áreas de estudo.
Serviço:
Live “Como produzir artigos científicos: aspectos, qualidade e cuidados na escrita”
Data: 18 de junho.
Hora: às 15h30min
Plataforma de acesso: Facebook da BC
Texto: Gilberto Moura – Assessoria de Comunicação da UFPA.
Arte: Divulgação BC
Seminário Interdisciplinar de Pesquisa do PPGEAA terá transmissão pelo Youtube e Facebook
O Programa de Pós-Graduação em Estudos Antrópicos na Amazônia (PPGEAA), integrado ao Campus de Castanhal da Universidade Federal do Pará (UFPA), inicia nesta segunda, 8 de junho, às 16h, o seu Seminário Interdisciplinar de Pesquisa (SIPE), na modalidade online, com transmissão pelo Facebook e pelo YouTube, um debate com o prof. Dr. José Guilherme Fernandes, professor e vice-coordenador do PPGEAA, que irá discutir sobre a interdisciplinaridade e estudos antrópicos na Amazônia.
Participe com sua pergunta. Ela poderá aparecer na tela da live e ser respondida pelos convidados do evento.
Transmissão ao vivo: Facebook e YouTube do PPGEAA-UFPA.
Facebook: facebook.com/antropicos
Youtube: bit.ly/374vWeM
Live debate o tema “Medicalização e autonomia dos corpos”

O Grupo Feminista de Estudos e Ação Política Zoé’s e o Projeto de Extensão “Círculos de Leituras Feministas” da UFPA vão realizar, no dia 10 de junho, das 14 às 18h, a live intitulada “Medicalização e autonomia dos corpos”, com a participação das professoras doutoras Flávia Cristina Silveira Lemos, Geise do Socorro Lima Gomes e Lilian Sales.
Sobre a medicalização – O termo surgiu no final da década de 1960 para se referir à crescente apropriação dos modos de vida humana pela medicina e se tornou campo de estudo, sobretudo pelo filósofo e historiador francês Michel Foucault. Para este filósofo, a história da espécie humana está intimamente ligada à medicalização, ou seja, à construção de uma bio-história que diz respeito aos efeitos das incessantes intervenções médicas realizadas em todo o corpo da população. São modulações que se apresentam desde o Século XVIII e que, na atualidade, ganham proporção por meio da generalização dos saberes médicos em diferentes espaços de vida, atuando sobre as questões econômicas, políticas, sociais, culturais e emocionais – que atingem a vida das pessoas.
No contexto da pandemia, a live se propõe a refletir sobre a exclusão de uma parcela significativa da população das condições básicas de saneamento, dos cuidados preventivos de saúde e do acesso à alimentação suficiente e de qualidade, bem como das promessas de avanços da ciência e tecnologia modernas de saúde.
O evento será transmitido pelo Youtube e as inscrições (gratuitas) podem ser realizadas até o dia 09 de junho no site www.even3.com.br/medicalizacaoeautonomiadoscorpos/.
Núcleo de Acessibilidade da UFPA/Castanhal desenvolve cartilha para o público autista sobre o coronavírus
O Núcleo de Acessibilidade (NAcess) da UFPA Castanhal acaba de produzir uma cartilha com informações sobre o novo coronavírus, com dicas para pessoas autistas, especialmente crianças. O projeto é coordenado pelas professoras Yomara Pinheiro Pires e Débora Alfaia da Cunha.
O NAcess tem como objetivo eliminar barreiras físicas, de comunicação e de informação para estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Entre os serviços oferecidos para a comunidade, estão: disponibilização de material impresso para formatos acessíveis em DOSVOX e ampliação na tela; assessoria para os docentes no ensino e avaliação destes alunos; assessoria para a coordenação do campus em concursos públicos e aquisição de materiais e equipamentos, como PSSs de Libras, concurso de ensino de Libras, compra de equipamentos e empréstimo de equipamentos para acessibilidade de alunos da educação especial.
Público infantil autista – A cartilha foi pensada para atender ao público infantil, com um olhar especial para a criança autista. Nesse intuito, o projeto tentou conciliar uma abordagem séria, pois partiu das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), e, ao mesmo tempo, lúdica e divertida, ao incorporar uma linguagem visual mais agradável, colorida e acolhedora, em especial para as crianças autistas, pela predominância de diversas tonalidades de azul, amarelo e laranja. A estrutura da cartilha, na modalidade de perguntas e respostas, permite que o leitor possa ler de várias maneiras a obra, podendo ir direto para uma pergunta, sem ter a necessidade de ler a cartilha na sequência das páginas.
“O grande objetivo deste projeto é criar um instrumento de diálogo entre adultos e crianças sobre esse momento difícil para o mundo”, diz a professora Débora Alfaia. A cartilha, na modalidade de e-book, traz informações sobre a doença, sintomas e prevenção. Contudo o foco é na contribuição que cada pessoa pode fazer nesse momento, por meio das ações de prevenção, higiene e de responsabilidade social. Além disso, a cartilha tenta dialogar com as crianças sobre as dificuldades emocionais deste período, decorrente das incertezas e mudanças de rotinas, abordando o tema da tristeza, destacando ser normal esse sentimento, que é preciso conversar sobre isso e trabalhar essa emoção, por meio de atitudes que, não esquecendo a gravidade da situação, permitam preservar a saúde mental das crianças e o exercício de seu direito ao lúdico.
Um destaque importante é a presença de uma criança como ilustradora principal, o que torna a infância não apenas uma faixa etária alvo, mas também a protagonista na obra. “As ilustrações enfatizam a inclusão social, apresentando crianças de diferentes etnias, como negras e indígenas, e crianças deficientes, como autistas e cadeirantes. Por fim, espera-se que as diferentes crianças possam se reconhecer na obra e fazer dela um recurso para a compreensão dessa crise de saúde global”, esclarece a coordenação.
Para acessar a cartilha, clique aqui.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação da UFPA
Arte: Reprodução da cartilha
SALIC & COLIC 2019: chamada para publicação em anais do evento

Nos dias 4, 5 e 6 de dezembro foram realizados o VIII Simpósio Artístico-Literário de Castanhal (SALIC) e o VI Colóquio de Linguística de Castanhal (COLIC), com organização dos alunos da Faculdade de Letras da UFPA Campus Castanhal.
Chamada para publicação em anais – A comissão organizadora do SALIC e do COLIC convoca, neste momento, os participantes da edição de 2019 a submeterem seus artigos, resultantes das apresentações realizadas, para publicação nos Anais do evento. Os artigos enviados serão submetidos a um comitê científico, que emitirá pareceres que procurarão garantir a qualidade dos trabalhos, eventualmente podendo sugerir a não publicação. O envio dos textos deve ser feito até o dia 10/06/2020.
Submissão – Os artigos devem ser submetidos exclusivamente por meio da plataforma do evento. Para conferir as regras para submissão, clique aqui.
Nota de esclarecimento – Instituto de Medicina Veterinária
No dia 21 de maio de 2020, foi veiculada a reportagem “Cuidados com os pets em tempo de pandemia”, pela emissora SBT Pará, sobre a ação de orientação à população, por telefone, da relação dos animais e o novo coronavírus, iniciativa desenvolvida pelo Instituto de Medicina Veterinária (IMV) da Universidade Federal do Pará (UFPA) – Campus de Castanhal, por meio dos Programas de Residência em Medicina Veterinária e do Hospital Veterinário (HV). Acerca da veiculação da reportagem, esclarecemos:
- A reportagem foi demandada espontaneamente pelo referido veículo em contato com a Direção do IMV, ocasião em foi solicitada a gravação caseira de depoimentos do diretor do Instituto e de uma médica veterinária residente no HV que atua na ação.
- Os vídeos foram produzidos caseiramente e enviados para a equipe da reportagem, conforme solicitado. Após este contato, não tivemos conhecimento prévio da versão editada da reportagem que foi ao ar.
- Somente no momento da assistência da reportagem já veiculada, tomamos conhecimento do uso de imagens de acervo, por parte da emissora, relativas a ações desenvolvidas por outras instituições, como o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Belém, o Hospital Veterinário e o curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), entre outras. Dessa forma, a reportagem trata da ação da UFPA mostrando, de maneira equivocada, imagens de outras ações que não têm relação com o teor das falas apresentadas.
- Diante do exposto, a direção do IMV já solicitou à equipe responsável pela reportagem que sejam feitas as devidas retificações pela emissora à população.
- Por fim, esclarecemos que o objetivo da divulgação era prestar informações de um serviço de interesse público oferecido à população, no contexto da pandemia do novo coronavírus. Assim, lamenta-se os sentidos adversos e quaisquer inconvenientes causados pela veiculação indevida das imagens de acervo relacionadas a outras ações e instituições.
Castanhal, 23 de maio de 2020.
PROF. DR. LEÔNIDAS OLEGÁRIO DE CARVALHO
Direção do Instituto de Medicina Veterinária da UFPA
Lives vão abordar temas para contribuir com a formação em Educação Física no contexto do isolamento social

No período de 27 de abril a 09 de maio, o Grupo de Estudos em Identidade de Professores de Educação Física (GEIPEF), coordenado pelo professor Sérgio Eduardo Nassar, da Faculdade de Educação Física do Campus da UFPA em Castanhal irá promover lives gratuitas que visam contribuir com a formação inicial e continuada de estudantes, professores e profissionais da Educação Física, por meio de reflexões e ações emergentes acerca da produção do conhecimento frente ao isolamento social mundial no contexto pandêmico da Covid-19.
A temática central das lives, “Desafios e Possibilidades da Educação Física e o Desporto no Contexto Mundial de Isolamento Social”, surge das diversas inquietações que afetam a Educação Física como campo profissional e prática cultural, como: Quais são as demandas sociais provocadas pelo isolamento social aos profissionais de Educação Física? Quais ensinamentos o isolamento social impõem ao campo da Educação Física? Quais as contribuições que a Educação Física pode oferecer à sociedade no contexto de isolamento social?
A partir da temática central, o GEIPEF promoverá encontros reflexivos e dialogados com convidados de diversas instituições do Pará, de outras regiões do Brasil e uma participação internacional. Todos os encontros ocorrerão por meio do aplicativo Instagram, sendo mediados pelo professor Sérgio Eduardo Nassar.
Os encontros serão abertos aos discentes, participantes do GEIPEF, professores de Educação Física e interessados pela área por meio do Instagram (@sergionassar_). A primeira live será realizada no dia 27 de abril, às 18h e contará com a palestra do professor Wagner Wey Moreira (UFTM – Uberaba/MG). Para conferir o cronograma das lives, clique aqui.
Nota de Condolências

A Coordenação Geral da UFPA/Castanhal e toda a comunidade acadêmica solidarizam-se com as famílias e os amigos dos vigilantes Gessé Gomes da Silva e Alex Roge Castro de Oliveira, falecidos bruscamente na manhã desta quarta (15/04), sob circunstâncias que ainda estão sendo investigadas pela Polícia Civil.
Professor da UFPA comenta a importância de se movimentar em períodos de isolamento social

Manter-se em movimento, mesmo dentro de casa, contribui para que o corpo não sofra grandes impactos em virtude da rotina reduzida de atividades neste período de isolamento social. Pensando nisso, o professor Ítalo Campos, coordenador do Laboratório de Aptidão Física, da Faculdade de Educação Física da UFPA, faz algumas recomendações importantes que devem ser levadas em consideração nesse momento de limitação de movimentos.
Durante o dia a dia, o corpo desenvolve uma grande variedade de tarefas físicas corriqueiras, incluindo programas de exercícios e esporte para algumas pessoas ativas. Quando há uma mudança repentina nessa rotina, como ocorre na quarentena, a diminuição dessas atividades físicas pode provocar um desequilíbrio e o corpo tende a sair do seu estado considerado normal.
“Alguns indivíduos passam a permanecer a maior parte do tempo sentado ou deitado. Nosso corpo precisa de um mínimo de movimento para manter-se em equilíbrio de um modo geral. Assim, se comermos acima da conta, engordamos; se reduzimos nosso movimento, perdemos músculo; se não exercitamos nosso sistema cardiorrespiratório, entramos em fadiga respiratória por pequenos esforços. Isso vale para todos os sistemas do nosso organismo, incluindo o imunológico”, explica o professor Ítalo Campos.
Para se movimentar – Existem algumas atividades físicas que podem ser feitas em casa para diminuir os aspectos negativos do isolamento social. Em geral, existem dois grandes grupos de exercícios que podem ser realizados inclusive com a participação da família, são eles: exercícios com predominância cardiorrespiratória e exercícios musculares. As respostas a esses exercícios variam de acordo com a intensidade do esforço realizado pelo indivíduo e, com isso, geram benefícios em termos fisiológicos.
“Dependendo da disponibilidade de espaço, as pessoas podem realizar ginástica básica, como exercícios de força; alongamentos; lançamentos e agarramentos de objetos como garrafas, bolas etc.; fazer exercícios de equilibrar; caminhadas ou pequenas corridas, seja natural, seja estacionária; pequenos saltos; realizar alguns jogos motores e, dependendo da logística, podem nadar ou fazer hidroginástica”, aconselha o professor Ítalo Campos.
De acordo com o professor Ítalo, o mais importante é evitar perdas funcionais relacionadas à rotina de trabalho e de estudos para, dessa forma, reter, o máximo possível, a condição física anterior, ou seja, manter o organismo em estado de prontidão para voltar à rotina motora principal do indivíduo, assim que exigido. Isso evitará sinais de fadiga, desgaste físico e eventualmente dores musculares.
Texto: Maiza Santos – Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Reprodução Google
Pesquisadores da UFPA integram grupo interinstitucional que está desenvolvendo modelo matemático de projeção da propagação da Covid-19 no Brasil
Um grupo de pesquisa composto por engenheiros e cientistas da computação da Universidade Federal do Pará (UFPA), do Instituto Nacional de Pesquisa (INPE) de São José dos Campos, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP) está investigando a projeção de como a pandemia do novo coronavírus cresce em países do terceiro mundo, por meio de modelos matemáticos mais adequados à realidade demográfica de tais países.
O principal estudo utilizado como referência para esse tipo de projeção no mundo todo é da Imperial College, de Londres, que inicialmente realizou projeções para o espalhamento da Covid-19 nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, baseado em um dos modelos mais adotados pela comunidade internacional para esse fim – o Susceptibility-Exposure-Infection-Removal (SEIR).
A despeito da grande aplicabilidade do SEIR, no caso do Brasil, há a necessidade premente de um modelo que reproduza de forma mais fidedigna a realidade de países subdesenvolvidos, levando em consideração as condições demográficas da população, como baixíssimos níveis de saneamento e de água potável, grande número de domicílios com poucos cômodos, grande número de pessoas por cômodo e com baixa renda média domiciliar.
Dificuldades para o isolamento social – Como ainda não há medicamento para tratar ou vacina para conter o acelerado avanço da Covid-19, a principal medida hoje no combate à doença é o isolamento social. Assim, os doentes são postos em quarentena hospitalar/domiciliar e a população como um todo é orientada a realizar quarentena domiciliar, quando possível, a fim de diminuir a escalada da propagação da doença, amenizando o impacto da pandemia no sistema de saúde. Portanto, atualmente, o isolamento social é a principal ação recomendada no mundo pelas autoridades de Saúde nacionais e internacionais.
“Os modelos de projeção que consideram apenas uma perspectiva homogênea da população e de sua demografia, nos cálculos para chegar aos gráficos de alcance da Covid-19, estão fortemente baseados nos moldes de vida de cidades típicas da União Europeia, onde, de fato, existe a possibilidade de colocar-se grande parte da população em confinamento, uma vez que lá os domicílios, em regra, possuem estrutura para tanto. Todavia tal realidade está longe de ser o padrão brasileiro, principalmente nas grande metrópoles do país. Em nossa realidade, temos parcela significativa da população dividindo domicílio com muita gente e poucos cômodos, o que, em muitos casos, inviabiliza um isolamento total de uma pessoa contaminada. Em certas situações, inclusive, não existe nenhuma possibilidade de confinamento, quando seis ou sete pessoas dividem um único cômodo, por exemplo. Então, diante das características demográficas do Brasil, que são muito peculiares e similares às de países como a Índia, China e do continente africano, nosso grupo concebeu e implentou esse modelo matemático diferenciado, muito mais adequado à realidade brasileira”, explica o professor da UFPA Renato Francês, que coordena as pesquisas em andamento.
Assim, o modelo que está sendo desenvolvido considera as desigualdades sociais existentes no Brasil e projeta o alcance do novo coronavírus de modo mais aproximado à realidade brasileira, tomando como modelo inicial a cidade de São Paulo, que é o epicentro da crise, podendo, entretanto, estendê-lo a todos os 5.570 municípios do país. “Trata-se de um modelo generalizável, criado matematicamente e implementado computacionalmente, que começa a apresentar curvas mais reais de como o vírus se comporta nessas situações específicas”, continua Francês.
Para dar um exemplo, na Região Metropolitana de São Paulo, há cerca de 19 milhões de habitantes, sendo que, desses, quase 2 milhões moram em domicílios com um único cômodo, dividido com três ou mais pessoas, o que impede o confinamento de cerca de 10% da população. Esse tipo de especificidade não está representada nos modelos de referência internacionais.
Modelo adaptado – Para tal situação, deve-se ter alguma alternativa que funcione em paralelo ao modelo de confinamento recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Então, o modelo matemático de projeção da Covid-19 elaborado pelo grupo considera a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE), dados de 2018, para garantir que os cálculos sejam feitos de modo a levar em conta as restrições que existem em função da demografia nacional, consistindo, por exemplo, na impossibilidade de confinamento geral dessa parcela de habitações com alta densidade de pessoas por cômodo.
No segundo passo dessa modelagem, serão consideradas outras bases de dados oficiais, por exemplo, o censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de modo a levantar o número de escolas por bairros que possam servir como base alternativa para um isolamento social real em circunvizinhanças superpopulosas, já que nem as condições demográficas nem o sistema único de saúde daria conta de garantir o confinamento domiciliar e hospitalar, respectivamente, necessário para, de fato, desacelerar o novo coronavírus no Brasil.
“As escolas potencialmente são ótimas alternativas à estrutura tradicional de saúde, porque são estruturas que têm salas, banheiros e cozinhas e, por isso, podem reproduzir um ambiente domiciliar em uma escala maior, além de possuírem uma grande capilaridade e alcance nas cidades brasileiras”, sintetiza o professor.
De acordo com o pesquisador, o modelo inglês é importante, mas não deve ser utilizado em uma realidade em que, de um lado, há um condomínio de luxo e, de outro, uma invasão que não possui sequer água encanada e a população vive abaixo da linha de pobreza, sem qualquer poder aquisitivo para adquirir álcool gel.
“Desse modo, não é possível, no Brasil, o confinamento em larga escala da população e, com base nessa nova modelagem, estamos colocando em percentual quantos domicílios não permitem isso por cidade do território nacional. Aí teremos uma medida mais realista de como a pandemia pode se propagar no país se o Estado brasileiro não criar alternativas para o confinamento populacional”, conclui Renato Francês.
Resultados do estudo – As alternativas propostas pelo estudo para o confinamento real e em escala da população brasileira devem ser consideradas de imediato, já que na realidade de ações como a construção de um hospital emergencial em seis dias, por exemplo, como ocorreu na China, são muito pouco prováveis, e as curvas que demonstram o alcance da Covid-19 no Brasil, por meio do modelo matemático desenvolvido pelos pesquisadores, apontam que as condições demográficas do país agravam a aceleração da pandemia.
Por este motivo, o objetivo da pesquisa é chamar atenção dos governantes para que tomem medidas mais efetivas e urgentes, baseadas em evidências científicas. Os primeiros resultados já estão sendo gerados e serão divulgados em breve. A ideia é também disponibilizar os algoritmos e toda a parametrização utilizada para que outros pesquisadores, do Brasil e do exterior, possam se beneficiar com medidas que antecipem as projeções do vírus.
O estudo está sendo realizado por Renato Francês, Marcelino Silva, Evelin Cardoso e Frederico Santana, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) da UFPA; Solon Carvalho, do Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada do INPE; Nandamudi Lankalapalli Vijaykumar, da Unifesp; e André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, da USP.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Reprodução Google
