“Só em 2017, 181 escolas foram fechadas no Pará e a maioria na zona rural. Então, esse seminário é importante porque ajuda a publicizar esses dados. Aqui a gente socializa, expõe. O seminário é esse espaço de sensibilização da população de que a escola é fundamental onde ela se realiza.”
Esse é o relato do professor Salomão Hage (ICED/UFPA), coordenador do Fórum Paraense de Educação do Campo e um dos organizadores do II Seminário de Combate ao Fechamento de Escolas do Campo, ao mencionar os objetivos do evento realizado nesta sexta, 01/02, no Ginásio de Esportes da UFPA/Castanhal.
O evento foi realizado pelo Fórum Paraense de Educação do Campo – FPEC e pelos Fóruns Regionais de Educação do Campo, em parceria com a Universidade Federal do Pará – UFPA e a Promotoria de Justiça da 1ª Região Agrária do Ministério Público Estadual.
A programação contou com grupos de trabalho, que se reuniram para socializar questões referentes à educação em cada local representado no evento, como explicou a professora Eula Nascimento, da Faculdade de Pedagogia da UFPA em Castanhal.
“Nós temos coletivos de diferentes municípios, com diferentes perspectivas sobre a educação do campo e esses grupos de trabalho foram pensados justamente para que as pessoas pudessem colocar as questões que estão impactando a educação na sua cidade”.
A partir das discussões realizadas durante o Seminário, foi elaborado um documento para ser encaminhado ao Ministério Público, às Secretarias Municipais de Educação e às Coordenadorias de Educação do Campo.
“A carta escrita aqui relata as problemáticas de cada comunidade e representa a síntese do pensamento coletivo, que visa o enfrentamento desse fechamento das escolas do campo”, concluiu a professora Eula Nascimento.
Ainda como ação concreta para evitar que as escolas continuem sendo fechadas, o Fórum Paraense de Educação do Campo criou o Disk Denúncia contra o fechamento das Escolas no Campo, sediado no Campus de Castanhal da UFPA e que encaminha as denúncias ao GT Agrário do Ministério Público Estadual.
O coordenador do Disk Denúncia, professor Carlos Renilton Cruz, falou sobre o que preconiza a lei no que se refere ao fechamento de escolas no país.
“Hoje, a legislação brasileira impõe várias questões para o fechamento de uma escola: é preciso ouvir a comunidade, além do Conselho Municipal ou Conselho Estadual e construir um relatório circunstanciado pelo órgão que gesta a educação. O que esse movimento, gerado pelo Seminário, vem cobrar, é que a lei seja cumprida. Antes de se fechar uma escola, é preciso ver o impacto que isso vai causar para a comunidade”, esclareceu.
O vice-reitor da UFPA, professor Gilmar Silva, que também participou das discussões, destacou a importância das escolas do campo.
“Em muitas localidades a única representação do estado é a escola e nesses locais ela extrapola o mero ensinar às crianças: é um espaço onde se encontram as famílias, onde se fazem as celebrações, onde se constroem os diálogos. Por isso, as escolas precisam ser valorizadas, considerando que educação é sempre um bom investimento”.
Texto: Paula Lopes – Ascom UFPA/Castanhal
Fotos: Thiago Bertolino – Ascom UFPA/Castanhal